A ARTE DE PRESENTEAR ESTRANGEIROS
Mr. Miles: vou para a China acompanhar meu marido em um encontro de negócios e gostaria de levar um presente para o empresário local. Existe alguma coisa que os agrade especialmente?
Mayra Rabello, por email
Well, my dear, eis uma questão pertinente. As you know, existem certas etiquetas e hábitos arraigados em civilizações milenares que, sometimes, é melhor conhecer, para evitar situações embaraçosas. A globalização, for sure, anda atenuando o impacto dessas gafes, mas informar-se, como você está fazendo, é sempre mais seguro e more polite.
Um empresário de Baltimore, que conheci, perdeu um negócio de milhões com um parceiro hindú, porque decidiu presenteá-lo com uma elegante pasta da Louis Vouitton. Os contratos, que estavam prestes a ser assinados, foram subitamente suspensos e só meses mais tarde, ao queixar-se do caso para mim no aeroporto de Heathrow, tive a oportunidade de esclarecer que jamais se deve presentear com artigos de couro a pessoas que consideram as vacas sagradas.
Há casos ainda mais graves: em grande parte dos países islâmicos, a população tem a tradição da hospitalidade. Será comum, therefore, que o estrangeiro seja convidado a visitar a residência de um local, para compartilhar um chá de menta or whatever. Jamais, contudo, leve qualquer presente para a esposa de seu anfitrião. Em lugares como o Marrocos ou a Arábia Saudita, esta é uma ofensa indesculpável.
Na China, hoje tão moderna e aberta a novos ares (até o hábito de cuspir nas ruas está sendo banido de Pequim, para que não sobrem perdigotos aos inúmeros turistas), you don’t have to worry too much.
Só tome grande cuidado para não levar qualquer tipo de produto industrializado, nem mesmo uma bolsa de grife, porque, as you know, não importa a nacionalidade da marca: os manufaturados de hoje, em sua imensa maioria, são oriundos da própria China e de suas colossais linhas de produção.
Dado o apreço que os orientais, em geral, tem por adornment (N.da R.: enfeites, adornos), eu não hesitaria em recorrer a algum mimo baseado em pedras brasileiras, que conservam seu fascínio em lugares remotos. Desde, é claro, que o mencionado empresário não tenha outros brazilian partners, porque nesse caso, dada a pouca criatividade de minha sugestão, é possível que ele tenha uma mesa repleta de ametistas, turmalinas, sodalitas, amazonitas e topázios.
Finally, há uma advertência que não posso deixar de fazer, ainda que me pareça pouco provável que você, my dear, pense nessa espécie de souvenir. Em hipótese alguma dê um chapéu ou um boné de cor verde para seu anfitrião chinês. Na simbologia local, você estará insinuando que sua mulher o está traindo. Bad idea, isn’t it?
Fonte: O Estadão
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