Charge de Gerson Kauer |
Porco em gaiola pode ser considerado ave?
Por Leo Iolovitch, advogado (OAB-RS nº 6.667) - Leo@Ebia.com.br
A crise na suinocultura em 2012 fez com que lideranças do setor
viajassem a Porto Alegre, para fazer pedidos aos deputados. Em dois
ônibus vieram produtores, e, para obter espaço na mídia, eles também
trouxeram alguns leitões, para chamar a atenção. O truque funcionou e
houve ampla cobertura da imprensa.
Em meio aos flashes, um leitão assustou-se e disparou em direção à Catedral Metropolitana.
Em meio aos flashes, um leitão assustou-se e disparou em direção à Catedral Metropolitana.
Arnildo, o rapaz que o trazia, saiu correndo para recuperá-lo. O bichinho desceu a rua Espírito Santo e ganhou velocidade. Só nas proximidades do Centro Administrativo o suíno voltou às mãos de seu dono. Este, já ofegante, resolveu passar uma corda no pescoço do bicho, para que não fugisse mais.
Entrementes, na Praça da Matriz a manifestação terminara e os ônibus
voltaram para o interior. Ninguém percebeu a ausência do Arnildo, pois
os que estavam num ônibus supunham que ele estivesse no outro. Assim,
sem conhecer a cidade, Arnildo e seu leitão, estavam ao final da tarde
andando pela Cidade Baixa.
Arnildo estava deslumbrado com a quantidade de bares. As pessoas saiam das mesas e iam olhá-los.
Até que Arnildo encontrou um grupo estranho, com piercings e tatuagens, que o saudou. Esses tipos alternativos acharam genial a ideia de alguém usar um porco como animal de estimação.
E, assim, de uma hora para outra, o ingênuo Arnildo, saído do interior de Teutônia, se transformou na celebridade de um grupo punk.
O diálogo foi um pouco prejudicado, pois ele não entendia nem metade do que falavam. Mas sentiu-se bem, ao ser acolhido pelos exóticos, que achavam normal o que os outros estranhavam.
Uma magrinha pálida, de cabelo roxo, simpatizou com Arnildo. Convidou-o para conhecer a região. O insólito casal, com o mais insólito animal de estimação, fez sucesso pelas ruas e bares da Cidade Baixa. Comeram xis e beberam cerveja. Ao final da noite, como Arnildo e o porquinho não tinham onde ficar, a magrinha decidiu levá-los para sua casa.
O porteiro do edifício proibiu a entrada. Ela insistiu e ameaçou fazer escândalo. Apareceu o síndico - que era delegado de polícia - e disse que a convenção de condomínio só admitia no prédio cães, gatos e passarinhos, que ele, pedantemente, chamava de "aves canoras".
Arnildo estava deslumbrado com a quantidade de bares. As pessoas saiam das mesas e iam olhá-los.
Até que Arnildo encontrou um grupo estranho, com piercings e tatuagens, que o saudou. Esses tipos alternativos acharam genial a ideia de alguém usar um porco como animal de estimação.
E, assim, de uma hora para outra, o ingênuo Arnildo, saído do interior de Teutônia, se transformou na celebridade de um grupo punk.
O diálogo foi um pouco prejudicado, pois ele não entendia nem metade do que falavam. Mas sentiu-se bem, ao ser acolhido pelos exóticos, que achavam normal o que os outros estranhavam.
Uma magrinha pálida, de cabelo roxo, simpatizou com Arnildo. Convidou-o para conhecer a região. O insólito casal, com o mais insólito animal de estimação, fez sucesso pelas ruas e bares da Cidade Baixa. Comeram xis e beberam cerveja. Ao final da noite, como Arnildo e o porquinho não tinham onde ficar, a magrinha decidiu levá-los para sua casa.
O porteiro do edifício proibiu a entrada. Ela insistiu e ameaçou fazer escândalo. Apareceu o síndico - que era delegado de polícia - e disse que a convenção de condomínio só admitia no prédio cães, gatos e passarinhos, que ele, pedantemente, chamava de "aves canoras".
Barrados - ela, ele e o porquinho foram embora. Uma hora mais tarde
voltaram e entraram pela garagem. Tinham acomodado o leitão numa dessas
caixas plásticas usadas para transporte de animais em carros. Deixaram a
tal de gaiola na área de serviço do apartamento e foram deitar. Assim,
ao fim de um dia inesquecível, o jovem suinocultor e a garota punk
uniram seus sonhos.
Na manhã seguinte, quando Arnildo se preparava para tomar o caminho de volta a Teutônia, deu de cara, de novo, no térreo, com o síndico. Nova discussão - que logo acabou com a perspicaz observação de um advogado, também morador do prédio e juiz conciliador do JEC Cível:
- A convenção do condomínio não diz que, em condições especiais, porco não possa ser considerado ave!...
Na manhã seguinte, quando Arnildo se preparava para tomar o caminho de volta a Teutônia, deu de cara, de novo, no térreo, com o síndico. Nova discussão - que logo acabou com a perspicaz observação de um advogado, também morador do prédio e juiz conciliador do JEC Cível:
- A convenção do condomínio não diz que, em condições especiais, porco não possa ser considerado ave!...
Fonte: www.espacovital.com.br
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