Charge de Gerson Kauer |
QUER UM PICOLÉ?
Por Eudes Quintino de Oliveira Júnior, advogado e reitor da Unorp - Universidade de Rio Preto (SP).
Durante a noite, em pequena cidade paulista, depois de várias voltas no quarteirão para dissipar qualquer vigilância, o homem, de forma sorrateira, ganhou o interior da sorveteria e ali se instalou como um posseiro, na certeza de não ser perturbado.
Os proprietários residiam nos fundos, como é comum nas cidades do interior; e no amplo espaço comercial somente ouvia o ruído de geladeiras e freezers, no incessante e contínuo liga-desliga.
Como momentâneo possuidor, o homem foi direto ao caixa, local onde ficava guardado o dinheiro do dia. Era fácil abrir a máquina. Bastava um toque sutil e a gaveta se estendia imediatamente, oferecendo as notas devidamente separadas em valores. Sem muito pestanejar ele começou a recolher as mais graúdas, envolvê-las em um elástico apropriado e, em seguida, passou a acomodá-las no interior de um saco plástico de supermercado.
Ocorre que, ao fechar a registradora, um alarme do tipo de um sino começou a soar, despertando a atenção do proprietário. O larápio viu-se obrigado a se esconder e procurou lugar no imenso salão. Não teve dúvidas. Levantou a tampa de um freezer horizontal, que ainda guardava um pouco de sorvete, e ali se instalou.
Na rápida vistoria, o proprietário percebeu o freezer semiaberto. Aproveitou para fechá-lo e, pior, trancá-lo. O furtador, prevendo que faria companhia para os outros picolés, bateu e gritou por socorro. Foi então que o proprietário chamou a polícia, que imediatamente se fez presente.
Ao abrir a porta do freezer, os policiais encontraram o larápio trêmulo, porém chupando deliciosamente um sorvete de palito. Generosamente ofereceu aos policiais justificando que passara por ali e resolvera matar sua vontade de consumir um picolé. Só que, ao lado dele, foi encontrado o saco com as notas subtraídas.
Sentiu que entrou numa fria. Daí sua prisão.
Fonte: www.espacovital.com.br
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