Charge de Gerson Kauer |
Um engano nas profundidades
O operador do Direito, quarentão, divorciado - próspero em cidade
grande do interior gaúcho - veio a Porto Alegre desfrutar as benesses do
fim-de-semana emendado com o feriadão.
No happy hour, no eixo Padre Chagas, sábado, enturmou-se num grupo de lindas mulheres, partiu para a "night", circulou em ambientes da moda e patrocinou esfuziantes rodadas de espumantes.
No
meio da madrugada, com todo o clima propício, foi esticar no apê da
morena com quem, na roda, melhor se afinara. No aposento, os dois
passaram das "preliminares" aos "finalmente". E, após, adormeceram.
Manhã
alta de domingo, quando ele acordou concluiu - pelo ruído do chuveiro -
que a parceira tomava banho. Acendeu, então, a luz do abajur para se
familiarizar com o acolhedor ambiente. Então percebeu, sobre uma das
mesas de cabeceira, num porta-retratos, a foto de um homem forte, peludo
etc. etc.
Imaginou que fosse um (ex) namorado da parceira de
noite, ou um irmão. Outras instigantes ideias também lhe passaram pela
cabeça.
Quando a bela morena deixou o banheiro e - au naturel -
voltou à alcova, receptiva para novas e profundas intimidades, o cidadão
- apontando para o porta-retratos, perguntou curioso:
- Quem é?
A resposta foi avassaladoramente surpreendente:
- Sou eu própria, há dois anos, poucas semanas antes da minha cirurgia de mudança de sexo.
O
operador do Direito levantou-se rápido e furioso, vestiu-se, saiu,
ligou ainda no domingo para um médico amigo, dono de notória clínica...
E - como não tivesse usado camisinha - insistiu para submeter-se a exames. Assim foi feito na segunda-feira.
No
fim do dia, o homem subiu a serra, de volta, desiludido com o
acontecido, mas consolado pelos resultados favoráveis da bateria de
exames.
Nos meios jurídicos da Serra gaúcha, muita gente sabe da história.
Fonte: www.espacovital.com.br
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