(Charge de Gerson Kauer) |
O MÉDICO PEDÓLATRA
As pias irmãs religiosas que atuavam em hospital passaram a ficar preocupadas quando constataram que um dos médicos vinha reiteradamente tentando se esfregar nas freiras.
A madre superiora foi cientificada e, politicamente, determinou que nenhuma das freiras ficasse sozinha com o cirurgião - de sotaque hispano - em qualquer dependência do hospital. Com isso, o médico aparentemente refreou seus instintos.
Mas, de repente, uma nova onda virou moda no nosocômio.
- Ele beijou meus pés - revelou uma humilde senhora que fora fazer exames em função de problemas renais.
- No tratamento pré-natal ele ficou dez minutos massageando meus pés - informou uma gestante.
- No início do atendimento ele comentou que meus pés eram os mais lindos que ele jamais vira - disse uma loirinha que fora fazer um curativo num corte.
E assim se sucederam registros semelhantes.
A madre diretora consultou os advogados, que recomendaram que o médico - sem vínculo empregatício com o hospital - fosse informado de que, a partir do dia seguinte, não poderia mais atender, nem baixar pacientes no hospital.
Cientificado, o cirurgião procurou um dos melhores advogados da cidade que caprichou - com a versão parcial e unilateral dos fatos - numa ação cautelar, logo despachada pelo magistrado plantonista. O fecho da liminar resumia tudo: "Reintegre-se o médico!". A ordem judicial foi cumprida.
A instrução processual foi surpreendente. O hospital arrolou dez mulheres - de todas as classes sociais, vários tipos de beleza (e de feiura também) e até senhoras de vida tosca e pés cascudos. Todas confirmaram que o médico era um pedólatra.
A magistrada - neófita na comarca e namorada de um surfista - ficou espantada e chegou a corar ao ouvir um dos depoimentos:
- Doutora, eu sou uma mulher humilde, sou faxineira, fui consultar sobre os rins e, mesmo assim, o doutor se preocupou com meus pés. Disse que eles estavam entumecidos, usou um creme e passou a beijar-me... - contou a testemunha.
- Beijou a senhora na face ou na boca? - questionou a juíza.
- Não, doutora! Ele beijou e lambeu os meus dois pés - garantiu a depoente.
Sentença e acórdão coincidiram na conclusão: cassação da liminar e a necessária exclusão do pedólatra cirurgião. Quando, em grau de apelação, o julgamento do TJ terminou, um dos magistrados teve uma tirada de oportuna visão:
- Com tantas coisas belas a admirar nas mulheres...e esse estrangeiro foi logo se ligar nos pés delas...
Como a risada fosse geral, o presidente do colegiado foi pronto na determinação:
- Essa parte final fica fora das notas taquigráficas.
Fonte: www.espacovital.com.br
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