O ESTAGIÁRIO INICIANTE
Em demanda na qual o autor postula a concessão de liminar, o escrivão intima o advogado por telefone, dada a necessidade de o mesmo se manifestar sobre importante aspecto não abordado na inicial. O advogado, então, imediata e laconicamente, solicita a providência a um estagiário que contratara havia poucos dias:
- Precisamos examinar esse processo e falar nos autos. Faz isso ainda hoje, pois me comprometi com o escrivão – determina o advogado, estendendo um papel contendo o número do processo.
O estagiário vai ao cartório judicial, onde "fala" longamente com a escrevente que atendia o balcão. Ela não entende o que ele deseja - e tudo fica por isso mesmo.
Envolvido pela azáfama do escritório, o advogado esquece de cobrar os desdobramentos seguintes.
Três dias depois, o escrivão novamente telefona. Preocupado com o não-atendimento ao que o juiz determinara no despacho, o servidor ressalta que o prazo iria se esgotar em 24 horas, e que o juiz analisaria o requerimento no estado em que se encontrava o processo, mesmo que o autor não o instruísse corretamente.
Surpreso, o advogado informa ao escrivão que já providenciara, mas pede que o mesmo aguarde ao telefone, para que possa verificar o cumprimento da sua determinação. Chama, então, o estagiário:
- Sabes aquele processo em que tínhamos que falar nos autos com urgência?
- Sim, doutor, me lembro bem – responde o estagiário.
- E então, o que houve? O escrivão está na linha, dizendo que o prazo está esgotando e que nada dissemos – retrucou.
- Olha, doutor, eu estive no cartório naquele mesmo dia e conversei com a atendente. Ele me disse que o senhor tem um prazo a cumprir com urgência – responde o estagiário, com extrema ingenuidade, logo complementando que "eu esperei que o senhor voltasse a me chamar"...
Perplexo, o advogado volta ao telefone e explica o ocorrido:
- Escutaste, não é?! Pois eu peço desculpas. Ainda não cumprimos a determinação. Antes, terei de explicar ao meu novo estagiário que ´falar nos autos´ é peticionar, e não conversar sobre eles!
Ao que o escrivão, conhecido por sua ironia, brinca, encerrando o telefonema:
- Claro, doutor, vamos aguardar. Ninguém nasce sabendo. Não esqueça de ensinar ao seu estagiário que peticionar em Juízo é ato privativo dos advogados...
Fonte: www.espacovital.com.br
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